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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Acamop vai fazer abaixo-assinado contra fracking no Oeste

A Acamop vai realizar um abaixo-assinado contra a exploração de gás de xisto na região através da tecnologia de fraturamento hidráulico, o fracking.
A exploração está prevista em edital da ANP-Agência Nacional de Petróleo do final de 2013 e a tecnologia foi apontada como potencialmente poluidora do solo e uma ameaça à agropecuária, especialmente avicultura e suinocultura, durante evento da Acamop em realização no Centro de Eventos de Toledo. O presidente da Acamop, Amauri Ladwig, disse que a entidade pretende mobilizar as 51 Câmaras Municipais do Oeste do Paraná e levar um abaixo-assinado a Brasília. “É por aí que fazemos a diferença, se cruzarmos os braços amanhã será tarde”, disse o presidente da Acamop no evento realizado em Toledo em parceria com a Câmara Municipal, Escola do Legislativo e Prefeitura de Toledo. O curso de capacitação está sendo realizado de19 a 21 de fevereiro e reúne vereadores e assessores de diversos municípios da região. Na abertura, nesta quinta, o presidente da Câmara Municipal, Adriano Remonti, deu as boas vindas a todos e destacou sua participação para melhor se preparar para o trabalho legislativo, enquanto o presidente da Escola do Legislativo de Toledo, Rogério Massing, disse que o evento mostra a possibilidade de qualificação de vereadores e servidores na própria região.

Falando sobre o fraturamento hidráulico na exploração do xisto o engenheiro Ivo Augusto Abreu Pugnaloni, diretor-presidente da Enebios e da ABRAPCH, disse que o fracking se caracteriza por perfurar o solo a até 3 mil metros, realizar uma explosão e injetar um coquetel de centenas de substâncias para liberar o gás de xisto impregnado no solo e que é liberado com a injeção de milhares de litros de água sob pressão. Nesse sistema as substâncias podem contaminar o solo e a água do subsolo, além de liberar metano na água e contaminar poços. Nos EUA o sistema movimenta milhões em alguns estados mas está inviabilizando propriedades e até explodindo casas a partir do vazamento de metano no subsolo fraturado pelo fracking. A tecnologia gera muito dinheiro mas em cerca de um ano e meio inviabiliza uma área, levando à abertura de novas perfurações, explosões e contaminações. O engenheiro estima que a cada 9 milhas quadradas sejam abertos 60 poços e cada um receba a injeção de 10 milhões de litros de água, além de 609 substâncias para liberar o gás de xisto, inclusive alguma cancerígenas como arsênico e glicol. Segundo ele já existem nos EUA cerca de 500 mil poços e esta exploração chegou à Argentina, nas províncias de Neuquén e Rio Negro, onde as câmaras municipais estão tentando deter o avanço do fracking, que no ano passado levou à contaminação das maçãs argentinas da província de Neuquén, que foram barradas na Europa.

“Imagine isso na água que trata os pintinhos de vocês, os suínos de vocês, este é um sistema de tirar o Brasil do mercado mundial de proteína animal”, afirmou o engenheiro Ivo Pugnaloni, que participa do site www.frackingnaobrasil.blogspot. Para o engenheiro os municípios podem fazer a diferença através das suas leis de uso e ocupação do solo e nesse sentido ele defende uma moratória de 5 anos até que o Ibama, a Agência Nacional de Águas, o Ministério Público Federal ou a UFPR tenham uma posição sobre isso. “Devemos introduzir a cautela pelo princípio da precaução”, defendeu o engenheiro, para quem o fracking ameaça a produção agropecuária brasileira e está sendo dirigido às regiões que mais se destacam no setor, como o Oeste do Paraná. “Eles não vieram procurar petróleo, vieram tirar a sua produção de frango e de suíno do mercado internacional”, afirmou aos vereadores, alunos do Colégio Agrícola e demais participantes do evento da Acamop o engenheiro Ivo Pugnaloni. Ele disse que as substâncias têm sua fórmula protegida e ainda estão sendo descobertas a partir do que fica nos locais de exploração do xisto e exibiu vídeos e reportagens a respeito e também disse que personalidades e artistas dos EUA estão se mobilizando, como o ator Matt Damon, que produziu o filme “Terra Prometida” tratando do fracking. 

Fonte: Casa de Notícias - 22/02/2012

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